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"Enquanto escrevo": legendas na videoarte de Grada Kilomba

Atualizado: 5 de jun.

Com edição de João Caingang e tradução da BravaPalavra, assista ao original (em inglês) da artista afro-portuguesa.

Grada Kilomba é uma escritora, psicóloga, intelectual e artista nascida em Lisboa, em 1968. Há alguns anos pesquisei um pouco sobre sua produção e sua trajetória, quando seu nome apareceu em um dos textos que revisei. Descobri o curto vídeo While I Write, que faz parte de um projeto intitulado "Decolonizing knowledge - Performing knowledge".


O vídeo é de 2015, tem duração de 2'33" e usa música de Moses Leo. A criação, edição e efeitos sonoros são da própria autora.



Adoro a mensagem e a linguagem cruas do vídeo, que me mobiliza e me provoca. Mas está em inglês. Talvez para se dirigir, justamente, aos espaços e pessoas que hoje detêm mais poder nos universos da cultura e do conhecimento.


Logo ensaiei uma tradução e compartilhei alguns frames entre meus amigos e clientes. Só depois tive a felicidade de somar com o dedicado trabalho do João Caingang da Rosa para fazer a edição das legendas e criar uma versão do vídeo boa para difundir, em português. Obrigada, João!


Se você usa serviços de social media, marketing digital, design gráfico e edição de vídeos, não hesite em escrever para o João no próximo job — quando você precisar daquele profissional ágil, com entrega de alta qualidade. Converse com ele por e-mail (jo.caingang@gmail.com) e pelo LinkedIn (https://www.linkedin.com/in/joaocaingang/).


Veja como ficou:



Com esta publicação, reconheço meu agradecimento constante aos autores e autoras que têm depositado a sua confiança na gente, dividindo sua jornada de criação textual, expressão intelectual e avanço científico comigo e com os demais revisores e tradutores da BravaPalavra.


Acredito que a "identidade autoral" de cada pessoa é um espaço carregado de emoções, memórias e sentidos. Que cada um de nós lida com essa forte carga pessoal quando cria coragem para escrever um texto.


Que não dá para esquecer que produzimos ciência, arte e literatura no Brasil, país do Sul global, e que nossa geração está positivamente marcada pela entrada de muitos novos perfis e vozes diversas no espaço antes elitizado das universidades.


E que o trabalho do revisor deve ser respeitoso com a história, a identidade e as afirmações individuais que se refletem no uso peculiar que cada autor faz da palavra escrita. No texto científico, o rigor das normas e o domínio linguístico são aliados, não inimigos, da autenticidade da voz que escreve, e das marcas textuais de autoria e origem.


É nesse espírito que formulei a missão da BravaPalavra, que é fortalecer pessoas, comunidades e pequenos agentes econômicos em sua autoexpressão e sua relação com a língua, a escrita, as instituições, as culturas e o conhecimento humano — em resumo, aguçar sua palavra, como forma de aguçar sua ação.




Na tradução do vídeo, o nome do projeto maior já traz um duplo sentido que parece impossível entregar de uma vez em português (se você tiver uma solução, por favor me conte). "Decolonizing knowledge" significa "Descolonizando o conhecimento", mas me parece que também quer dizer "Conhecimento descolonizador, que descoloniza". Ou "que decoloniza", como preferem algumas linhas de estudo.


A mesma coisa com "Performing knowledge", que pode ser "Encenando o conhecimento" e, ao mesmo tempo, "Conhecimento atuante, que atua, que desempenha, que encena, que performa".




Meu compromisso é continuar aprimorando o trabalho de ensino envolvido na Mentoria de Escrita da BravaPalavra. Para os autores e autoras comprometidos em praticar, refletir, reescrever e crescer, eu quero oferecer sólidos resultados, de fortalecimento e refinamento da escrita para o resto da vida.


Quero mostrar que a revisão e o trabalho especializado com o texto acadêmico podem ser, para as autoras e pesquisadores, uma fonte de aprendizado e uma jornada de aprimoramento e afirmação pessoal, não só no domínio de normas e padrões, mas também no senso de autoria, autonomia e autoestima linguística.


E uma pensadora como Grada Kilomba — cuja palavra me parece transgressora e produtora, erudita e híbrida, deslocada e altiva — certamente faz parte das referências que orientam esse propósito.


"Enquanto escrevo", por Grada Kilomba (trechos)
Às vezes, tenho medo de escrever.
Eu sei que, enquanto escrevo, cada palavra que escolho vai ser examinada, talvez mesmo invalidada. Então, por que escrevo?
Porque eu preciso.
Me encaixo em uma história de silêncios impostos, vozes torturadas, línguas perturbadas, dialetos forçados e discursos interrompidos. Então, por que escrevo?
Escrevo quase como uma obrigação de me encontrar.
Enquanto escrevo, não sou o 'Outro', mas sim o próprio, não o objeto, mas sim o sujeito.
Me torno a descritora, e não a descrita.
Eu me torno a autora e a autoridade em minha própria história.
Eu me torno eu mesma.


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